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quarta-feira, 16 de abril de 2008

Estresse, e não quimioterapia, afeta memória de pessoas com câncer

Entre as principais reclamações de pacientes que passam por quimioterapia estão a dificuldade de concentração e os problemas de memória. O medo é tamanho que muitas pessoas levam isso em conta na hora de decidir se vão ou não se submeter ao tratamento. Dois estudos diferentes e independentes alertam, no entanto, que essas dificuldades não seriam causadas pela quimioterapia em si, mas pelo estresse psicológico que sofre quem tem a doença diagnosticada.

“A quimioterapia é uma das armas mais eficientes que temos contra o câncer hoje em dia. Mas, infelizmente, ela tem diversos efeitos colaterais”, explica o pesquisador australiano David Darby, que apresentou seus resultados na Reunião Anual da Academia Americana de Neurologia, em Chicago, nos Estados Unidos. “Muitas pessoas preferem não se submeter ao tratamento por medo dos efeitos neurológicos, mas, segundo nossa pesquisa, não é a quimioterapia que atrapalha a concentração”, afirma.

Darby e sua equipe fizeram testes de memória e atenção em 30 mulheres com câncer de mama antes do início de cada ciclo de tratamento quimioterápico e um mês depois da última sessão. Outro grupo de 30 mulheres, saudáveis, também foi testado, para efeito de comparação.

As mulheres com câncer, segundo o estudo, apresentaram uma pequena dificuldade de concentração e aprendizado antes do início do tratamento. Apenas três delas (10%) tiveram problemas desse tipo durante a quimioterapia. Mas essas três não foram as que reclamaram. “As mulheres que disseram ter dificuldades de atenção e memória durante o tratamento não foram aquelas que tiveram esses problemas de fato, segundo nossos testes”, explica Darby.

O segundo estudo, americano, analisou a capacidade cognitiva e a qualidade de vida de três grupos diferentes de mulheres: 40 diagnosticadas com câncer de mama que ainda não tinham sido tratadas; 27 que tinham passado por biópsias recentemente e descoberto que tinham nódulos benignos; e 20 sobreviventes da doença que tinham passado pelo tratamento pelo menos um ano antes.

Nos testes, tanto as mulheres recém-diagnosticadas quanto as com nódulos benignos apresentaram mais dificuldade de concentração e memória do que as sobreviventes do câncer.

Para o autor do estudo, Michael Boivin, da Universidade Estadual de Michigan, nos EUA, isso indica que é o estresse de passar pelo diagnóstico de um câncer (confirmado ou não) que afeta, psicologicamente, a atenção dos pacientes. “Acredito que esses resultados são importantes para aumentar as taxas de sobrevivência do câncer. Quanto menos pessoas desistirem do tratamento, melhor”, disse ele.

A repórter Marília Juste viajou a convite da Biogen Idec
Do G1, em Chicago

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